Limitação de equipes é principal dificuldade para abertura de leitos, diz diretor da Sesa

Em meio ao aumento de casos e internamentos por Covid-19, o diretor de Gestão em Saúde da Sesa, Vinícius Filipak, explica que o número de profissionais qualificados para atuar em terapia intensiva é limitado em todas as regiões do Estado

O avanço da pandemia do novo coronavírus nas últimas semanas, que elevou o volume de contaminações e internamentos por Covid-19 no Paraná, tem gerado preocupação com a disponibilidade de leitos hospitalares para tratamento da doença.

O Governo do Estado, desde 22 de fevereiro, ativou 259 Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 520 enfermarias como resposta à demanda por internamentos. Mas, o principal problema para continuar as ampliações é a falta de pessoal.

Ao CORREIO, o diretor de Gestão em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Vinícius Filipak, explica que existe um número limitado de médicos intensivistas e enfermeiros especializados disponíveis.

“Em todas as regiões do Estado, todos os hospitais que têm tido necessidade dessa ampliação, têm enfrentado dificuldades muito grandes, porque esse número de profissionais qualificados é limitado”, citando que muitos têm “dobrado ou triplicado” a carga de serviço para atender a demanda. “Isso tem um limite, até na capacidade de cada pessoa”.

CENÁRIO
O diretor é enfático ao dizer que o Paraná vive o pior momento da pandemia, sobretudo por conta da variante P1 em circulação no Estado. “Provocou um número muito maior de pacientes ao mesmo tempo, e uma gravidade maior, suscitando, inclusive, aumento de 85% no número de internações de UTI em todas as regiões”, acrescenta.

Nesse cenário, o desafio da Sesa tem sido ampliar a disponibilidade de leitos o mais rápido possível. Hoje, são 1.546 UTIs adultas e 2.345 enfermarias. “O principal problema é a limitação de equipes qualificadas para poder fazer assistência na UTI”.

O Governo do Estado, desde 22 de fevereiro, ativou 259 Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 520 enfermarias como resposta à demanda por internamentos (Foto: Ilustrativa/ANPr)

REGIONAL
Em Guarapuava, o Governo do Estado entregou a primeira fase do Hospital Regional em julho de 2020, com gestão tocada pelo Hospital Erasto Gaertner (HEG), de Curitiba.
De acordo com Filipak, a capacidade de área física do HR é de até 40 leitos de terapia intensiva – hoje 30 estão em funcionamento.

“No entanto, nós estamos esbarrando justamente na dificuldade maior de todas, que é a alocação de pessoal para trabalhar na UTI”, explica. “O Hospital Erasto Gaertner não tem tido condição de rastrear profissionais com disponibilidade para ampliar os leitos naquele hospital. Portanto, essa é a dificuldade para que a gente atinja o pleno funcionamento”.

Procurado pelo CORREIO, o HEG, através da sua assessoria de imprensa, afirmou que o HR de Guarapuava está em “processo de abertura de mais leitos sim, porém, a grande dificuldade agora é encontrar médicos intensivistas e equipamentos”.

“Estamos com processo de contratação aberto há meses, mas a dificuldade em encontrar esses profissionais é enorme. Nossa direção procurou até fora do país”, acrescenta. “Além disso, não temos equipamentos para abrir mais leitos. A direção do HR já solicitou esses equipamentos e apoio à Sesa e cidade de Guarapuava. Os equipamentos são: 10 camas, 10 monitores multiparamétricos; 10 respiradores (ventilação mecânica); 40 bombas de infusão”.

A assessoria termina dizendo que “a deputada Cristina Silvestri afirmou que conseguiria os equipamentos” e que “estamos aguardando esse retorno de todos que se colocaram à disposição para ajudar”.

RESTRIÇÕES
O governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Jr., adotou entre o fim de fevereiro e o início de março medidas mais restritivas para o combate à Covid-19. O intuito foi diminuir o volume de contaminações para desafogar o sistema de saúde.

Em vigência até a próxima quarta-feira (17 de março), o novo decreto estadual autorizou o funcionamento do comércio não essencial, mas mantém o toque de recolher das 20h às 5h e a suspensão de atividades que podem gerar aglomerações.

Segundo o diretor da Sesa, há expectativa de que os efeitos dessas medidas sejam sentidos nos próximos dias. “A gente espera que as medidas sejam suficientes para baixar o nível de contaminação e com isso reduzir a demanda de pacientes que precisam de internação”, diz.

Isso não exclui, contudo, a necessidade de manter os cuidados individuais – como uso de máscara, álcool gel e distanciamento social. “Sem o cuidado individual, não há nenhuma norma, decreto ou orientação que seja possível mudar o curso dessa pandemia”, ressalta.

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