O ecoturismo e a valorização do turismo regional
Com base comunitária, a rede colaborativa Gralha Azul gera oportunidades para 38 famílias rurais de Turvo, promovendo o turismo regional e economia circular
Na hora de pensar em viajar, conhecer outros lugares ou se aventurar em um roteiro diferenciado, muitos turistas optam por sair do Paraná. Ou até mesmo, ir para outro país.
Mas, não é preciso ir muito longe para mergulhar em uma aventura. O turismo vem se desenvolvendo na região, a pouco mais de 40 km de Guarapuava.
Esse é o caso de Turvo, que com a chegada da empresa Gralha Azul – Turismo e Aventura, se tornou referência em um turismo ecológico, comunitário e com uma economia circular.
Entre as atividades oferecidas, estão esportes como boia cross, aquatrekking, rapel, trilhas de caminhada e ciclismo, exploração de cavernas e cânions, além de visitações culturais.
Partindo da iniciativa de um grupo de jovens turvenses, o projeto se desenvolveu como uma organização sustentável de baixo custo inicial.
INÍCIO
A Gralha Azul, que funciona como uma rede colaborativa, é um dos exemplos que é possível explorar a região local com o turismo. Em 2018, o turvense Mauricio Pilati (24 anos), depois de se formar em publicidade e propaganda, viu uma oportunidade turística em sua terra.
Com ajuda de amigos, como a estudante de jornalismo Camila Maciel (20 anos), ele fez um mapeamento inicial com todas as propriedades que dariam acesso às belezas regionais. Cachoeiras, trilhas, rios e cavernas se tornaram pontos de parada no município. Além disso, a diversidade de povos e culturas foi outro diferencial para a região.
“A gente sempre enxergou um potencial muito grande em Turvo, pois temos uma área de mata nativa, de araucária preservada, cachoeiras, povos indígenas, quilombolas e vários imigrantes europeus também… Uma variedade étnica muito grande e uma maneira de aproveitar isso é o turismo”, acredita Pilati.
PARCERIA
Esse processo de mapeamento e a parceria entre as famílias rurais, assim como outros preparativos, durou dez meses.
Logo, muitos produtores compreenderam as vantagens do projeto, e as pessoas começaram a enxergar a região de Turvo como um lugar de passeio, aventura e diversão.
RECURSOS
São 38 famílias parceiras que contribuem com a Gralha Azul e recebem os repasses financeiros pelos serviços prestados, como acomodação, aluguel do espaço, e refeições que podem ser oferecidas aos turistas.
As famílias também têm a possibilidade de vender artesanatos, produtos coloniais e outros itens para os visitantes.
Todos os participantes dessa iniciativa fizeram cursos de capacitação para atender os turistas e, em sua maioria, estão investindo em melhorias de infraestrutura.
No Rancho Campeiro, José Bonetti é um exemplo, sendo proprietário de um sítio arqueológico no assentamento Marrecas. Ele abriga peças de tribos indígenas tupi-guarani e itararé-taquara, que compõem um dos roteiros da Gralha Azul.
De acordo com José, há uma preocupação em atender melhor os turistas e, ao lado de sua esposa, Lucia Bonetti (63 anos), trazer uma renda extra para a família, que trabalha para sua subsistência.
“Com a chegada da Gralha Azul aqui na minha casa, as coisas mudaram. A gente organizou melhor as peças, nossa acolhida aos turistas, e informações para dar a palestra aos visitantes”, diz José, ressaltando que “minha grande vontade era de fazer o sítio conhecido pelas novas gerações, para conhecer um pouco da cultura indígena que vemos nos livros, pois muitas vezes não sabemos da cultura que está debaixo dos nossos pés”.