Em 60 anos de história, federação estadual fomenta judô e apoia atletas

Atualmente, a Federação Paranaense de Judô conta com cerca de 3 mil atletas e treinadores federados e 84 clubes, associações e academias atuantes. A luta de seus idealizadores em busca da excelência tem permitido um crescimento sistemático do esporte.

Ao longo de 60 anos de história, que serão comemorados no dia 07 de outubro deste ano, a Federação Paranaense de Judô (FPRJ) se firmou como referência no esporte: seus filiados quase sempre figuram entre os cinco primeiros colocados nas competições nacionais, de acordo com dados da instituição. Se pódio é praxe, a luta de seus idealizadores em busca da excelência também é cotidiana – o que tem permitido um crescimento sistemático.

Atualmente, a FPRJ conta com cerca de 3 mil atletas e treinadores federados e 84 clubes, associações e academias atuantes.

Esta matéria faz parte de uma série que, a cada semana, apresenta a história de uma federação esportiva do Paraná, falando de seus projetos, números e parcerias com o Governo do Estado, por meio da Superintendência Geral do Esporte.

Criado por Jigoro Kano no Japão, no final do século 19, o judô ganhou grande prestígio no Paraná, que hoje abriga a segunda maior colônia japonesa do País. História que há 60 anos começou a ser escrita no Estado por um grupo de mestres e professores que acreditava nos ideais e no potencial da modalidade, cujos valores, enaltecidos pela FPRJ, permeiam a ética, transparência, honestidade, humildade, disciplina, respeito e inclusão.

Para o presidente da FPRJ, Luiz Hisashi Iwashita, a principal missão é fazer a federação ser reconhecida cada vez mais como uma referência a nível nacional, fomentando a prática e a evolução do judô por meio da excelência em suas atividades. “As entidades de gestão esportiva cresceram muito nas últimas décadas e com a nossa federação não foi diferente. Nossos eventos seguem padrões internacionais”, disse Iwashita.

Com 3 mil atletas e treinadores federados e 84 clubes, associações e academias atuantes, Iwashita vê um crescimento da modalidade, principalmente nas capitais. “A partir dos cinco anos de idade já é possível fazer parte da nossa federação e isso ajuda no desenvolvimento e manutenção do esporte”, explica Iwashita.

Um membro da família FPRJ é Diogo Guilherme Tonietto, faixa preta 4º dan (denominação dos graus atribuídos aos mestres, que podem chegar até o 10º nível) e coordenador de rendimento da equipe Judô Tonietto, de Curitiba. Desde os dois anos ele pratica a modalidade por influência dos irmãos mais velhos.

“Nunca tive minha vida fora do judô. Entrei no esporte em 1991 e sou federado desde 1997, participando sempre das competições oficiais da federação”, contou Tonietto.

Ele enfatiza que a entidade é fundamental na construção da carreira, tanto para atleta como para técnico. “A federação rege a modalidade no nosso estado e ela tem um fator fundamental de fomentar maior número de praticantes”, explicou o atleta.

Apesar da possibilidade de se federar já aos cinco anos, as competições organizadas pela FPRJ começam com integrantes a partir dos sete anos e vão até a categoria sênior (adultos). Em 2019, a entidade realizou mais de 20 competições. Entre elas estão o Campeonato Paranaense, Torneio Regional (cinco regiões paranaenses e aberto com atletas não federados) e a Copa Paraná, a qual acontece no Ginásio do Tarumã, com o apoio do Governo do Estado.

Como judoca, Tonietto explica que as competições estaduais são realizadas pela federação ou tem uma chancela da instituição – autorizada ou desenvolvida por ela. Para ele, a padronização e as sequências das mesmas normas e regras de arbitragem são fundamentais para elevar o nível de todas as competições no Estado.

INOVAÇÃO 

Com a pandemia da Covid-19, a FPRJ, teve todas as suas atividades e competições suspensas. Com as dificuldades veio também o momento de inovação com o judô online. A partir de março de 2020, quando começou o isolamento social, o calendário da FPRJ teve de ser reformulado e as atividades foram adaptadas para o ambiente virtual.

Em abril do ano passado, a instituição paranaense iniciou o projeto Fala Sensei, uma iniciativa que consiste na apresentação de lives semanais abordando temas relacionados à prática do judô, voltados a atletas, técnicos, professores, árbitros e toda à comunidade judoísta do País.

As transmissões começaram em 17 de abril e desde então mais de 30 sessões reuniram dirigentes, medalhistas olímpicos e profissionais da área da saúde.

Além disso, a FPRJ promoveu cerca de 10 cursos online durante 2020. Destaque para o de credenciamento técnico, que teve mais de 150 participantes. Também foram disponibilizados cursos de arbitragem, primeiros socorros, técnicas, kata (prática que é uma simulação de luta real, onde se executa uma sequência de golpes e defesas pré-determinada), além de uma mesa redonda.

PIONEIRO 

O Paraná foi o Estado pioneiro em eventos online da modalidade ao lançar o Campeonato Paranaense Funcional de Judô. Em forma de treinamento funcional, o evento foi dividido em tempo e rounds, com demonstração de golpes e exercícios. No primeiro dia de competição aproximadamente 3.500 pessoas visualizaram a transmissão ao vivo no YouTube, sendo também a competição com o maior número de inscritos entre todas as disputas nacionais.

Outro ponto importante da instituição é esse suporte continuo aos atletas. Iwashita ressalta que a FPRJ busca dar total apoio, seja por meio das competições ou custeando viagens (inscrições, transporte e hospedagem).

Entre as atletas incentivadas está Natasha Padilha Ferreira, filiada desde 2009, quando tinha dez anos. Para a judoca, a FPRJ é uma importante ligação para a Confederação Brasileira de Judô. “A federação, além de organizar os treinamentos da seleção paranaense, dá todo suporte para o atleta não se preocupar com inscrição para campeonatos brasileiros e viagens nacionais”, contou Natasha.

Programa Geração Olímpica apoia atletas do judô

Desde o início do programa Geração Olímpica, realizado pelo Governo do Paraná com o patrocínio da Copel, em 2011, até a edição passada, em 2020, foram 382 bolsas ofertadas para atletas e técnicos do judô paranaense. Natasha é bolsista desde 2012. A atleta destaca que a carreira de judoca é muito difícil por exigir bastante, dois, até três treinos diários.

Com a bolsa, Natasha pôde viajar, treinar e competir com diferentes atletas, estilos de lutas e se aperfeiçoar na modalidade. Assim busca o seu sonho: os Jogos Olímpicos. “Não diria que o judô é um esporte solitário. Apesar de individual, para você chegar ao topo precisa de muita gente. A bolsa me possibilita esse intercâmbio”, disse.

O judô também está presentes nas competições estaduais realizadas pela Superintendência Geral do Esporte. Na edição de 2019 dos Jogos Abertos do Paraná (JAPS) foram 161 atletas e 28 equipes inscritas. E nos Jogos Universitários do Paraná (JUPS), 191 atletas participaram e 34 equipes foram inscritas.

CURIOSIDADE 

O judô estreou no programa olímpico nos Jogos de Tóquio (1964), apenas como demonstração, e passou a valer medalha a partir de Munique, em 1972. Somente 20 anos mais tarde, em Barcelona, as mulheres foram aceitas e começaram a competir.

O atleta de maior destaque do judô paranaense é Rafael Silva, peso-pesado integrante da seleção brasileira de judô. O medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 e Rio 2016 é tetracampeão pan-americano, tricampeão sul-americano, campeão dos Jogos Sul-Americanos no peso absoluto, três vezes campeão e um vice-campeonato na Copa do Mundo de Judô, prata no Grand Slam de Paris, ouro no Masters Top 16 Almaty e prata nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara.

Atualmente, tem grande destaque no Paraná a atleta paralímpica Meg Emmerich, que em 2019 conquistou o ouro em duas competições importantes: nos Jogos Parapan-americanos de Lima, no Peru, e no Aberto da Alemanha de judô paralímpico. Além disso, conquistou em 2018 o bronze no Campeonato Mundial de Judô Paralímpico em Lisboa, Portugal. Em 2020, foi convidada para o evento-teste do judô para deficientes visuais em Tóquio. Meg é bolsista do Geração Olímpica desde 2018.

Deixe um comentário