Uma vida Steve McQueen

Por meio da canção italiana “Vita spericolata”, o compositor/cantor Vasco Rossi captou o espírito de uma época de vidas intensas e levadas ao limite. No Brasil, a banda Blindagem fez a sua versão em português batizada de “Vida gozada”

Dentro e fora das telas, o ator Steve McQueen (1930-1980) dava a impressão de ter uma vida no limite do impossível. Tiros, bombas, perseguições, escapadas, corridas, fogo, água, ar, fuga… enfim, cada segundo era vivido intensamente.

Afinal, quem não quer levar “uma vida como Steve McQueen”, daquelas em que nada importa e nunca é tarde demais?! Esta é a reflexão principal da canção oitentista “Vita spericolata” (algo como “vida imprudente”, cheia de perigos, em tradução livre), cantada pelo compositor italiano Vasco Rossi.

No Brasil, a banda paranaense Blindagem gravou muito tempo atrás uma versão em português batizada de “Vida gozada”, imortalizada na voz do saudoso Ivo Rodrigues (1949-2010). Nas plataformas de streaming, a faixa pode ser conferida nos álbuns “Greatest Hits” e “Rock em Concerto”, este gravado ao vivo ao lado da Orquestra Sinfônica do Paraná.

A tradução dos paranaenses captou a essência dessa canção italiana, pois “gozada” é no sentido de aproveitar a vida ao máximo possível, ou seja, “prazerosa”. Aliás, a letra em português diz, em uma das estrofes, “Quero uma vida onde nunca é tarde/Daquelas que não dormem jamais/Quero uma vida daquelas que não se sabe mais”.

Enfim, é o desejo por uma existência plena, sem freios, como se tinha antigamente; digo, imaginava-se que tinha. A melhor síntese disso está na filmografia movimentada de McQueen, que não utilizada dublês nas produções: “Quero uma vida muito gozada/Uma vida como nos velhos tempos/Quero uma vida exagerada/Uma vida como Steve McQueen”. O ator norte-americano simboliza esse ideal.

Mas a letra também reconhece que cada um tem o seu caminho e está “perdido no seu próprio astral”.

No show gravado com a Orquestra Sinfônica do Paraná em meados dos anos 2000, o maestro Alessandro Sangiorgi comentou que a Blindagem havia estado na Itália para gravar um disco e teve contato com “Vita spericolata”. “A gente fez uma versão”, complementou o guitarrista Alberto Rodriguez.

Banda Blindagem em sua formação clássica, com Ivo Rodrigues (ao centro, camisa listrada) – Foto: Reprodução

FILMES
Se fosse vivo, Steve McQueen, também conhecido como “The king of cool”, teria completado 90 anos de idade em 2020.

Nascido em Indiana, nos EUA, Terrence Stephen McQueen tornou-se um dos maiores astros de seu tempo, com um ar durão e uma vocação para cenas radicais que marcaram sua carreira em Hollywood. Ele atuou em mais de 20 filmes.

Entre os destaques de sua filmografia, estão “Fugindo do inferno” (1963), de John Sturges, no qual McQueen contracena com James Garner, Richard Attenborough e Charles Bronson; “Bullitt” (1968), de Peter Yates, com a famosa cena de perseguição a bordo de um Ford Mustang GT verde; e “Papillon” (1973), de Franklin J. Schaffner, em que ele e o personagem interpretado por Dustin Hoffman tentam escapar de uma prisão na Guiana Francesa.

Aliás, no streaming o espectador pode ver ou rever “A Bolha Assassina” (1958), um de seus primeiros trabalhos, além de “Papillon” e “Bullitt”, todos no serviço de acesso gratuito NetMovies. Por assinatura, é possível encontrar o derradeiro “Caçador implacável” (1980), no catálogo da Amazon Prime Video; “Inferno na torre” (1974), na Looke; e boa parte de seus filmes no Google Play. Enfim, diversas opções.

********Texto/pesquisa: Cris Nascimento, especial para CORREIO

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