Artistas se inspiram no isolamento social para fazer humor

Nesse período do novo coronavírus, o mercado artístico tem produzido obras inspiradas pelo momento. Nas artes visuais, tirinhas e cartuns produzem humor com o tema, caso da série Edibar da Silva e do cartunista Alpino

É um velho e surrado clichê, mas sempre funciona. “Rir é o melhor remédio”. Contra momentos complicados, nada melhor do que o humor para aliviar a tensão. Sem escapismos, pois todo mundo sabe que a situação tá russa.

No entanto, rir pode ser a solução dos seus problemas. E se isso é feito com bom senso, melhor ainda.

A crise causada pelo novo coronavírus tem servido também de motor para as tiradas de humor no universo das artes gráficas. Principalmente com muitas pessoas estressadas pelo isolamento social e pelo medo do futuro.

Nas páginas dos jornais ou nas redes sociais, as tirinhas de Edibar da Silva passaram a utilizar a pandemia da Covid-19 como tema para as situações absurdas vividas pelo protagonista, um boêmio movido a cerveja. Criado e desenhado pelo artista paranaense Lúcio Oliveira, o personagem é o “nosso cafajeste preferido”.

Desde o seu surgimento, as tiras sempre se pautaram pelo humor escrachado e politicamente incorreto, fazendo graça com o jeito folgado, abusado e torto (de bêbado) desse anti-herói brasileiro. Nesse universo etílico, gravitam figuras que fazem parte da família de Edibar (a esposa Edimunda, a sogra Ana Conda etc.) e dos botecos (caso do Bar do Bigode, por exemplo, e dos companheiros de copo).

Tanto no Facebook (www.facebook.com/edibardasilva/) quanto no Instagram (www.instagram.com/edibardasilvaoficial/), as tiras de Edibar são publicadas quase que diariamente; em jornais como a Folha de Londrina, a periodicidade é todo dia.

De uns tempos para cá, Oliveira inseriu a questão do novo coronavírus como tema principal das tirinhas, explorando as mudanças na rotina dos personagens em tempos de isolamento social e cuidados com a saúde.

Em uma delas, por exemplo, Edibar pega carona na tendência das lives pelas redes sociais e faz uma transmissão de casa. A tira tem apenas um quadro, em que o protagonista pergunta às 171 pessoas online se alguém conhece algum bar clandestino de sinuca aberto. “Não é pra mim, é pra um amigo meu…”, finaliza.

É, parece que o Edibar está desesperado por bebida e jogatina.

Em outra tirinha, uma equipe de saúde recolhe Edibar em sua casa. Diante da esposa Edimunda, os “enfermeiros” dizem que precisam levá-lo para um mês de quarentena. Mas, no terceiro quadrinho, vem a revelação: os tais profissionais eram dois amigos de copo de Edibar, que comemora o fato. O melhor está no detalhe: a palavra ambulância está escrita como “anbulança”. Só mesmo esses bebuns…

E, para fechar, Oliveira também mostra o comportamento errático de Edibar em relação ao auxílio emergencial. Todos sabem que é um recurso liberado pelo governo federal como forma de amenizar o impacto econômico da crise do novo coronavírus.

Mas, no caso do nosso cafajeste, claro que isso não iria acabar bem. Em uma tirinha de um quadro, Edibar aparece em casa com dezenas de caixas de cerveja. De costas, Edimunda diz o seguinte: “Querido, que bom que você chegou… e aí, sacou os 600 reais do auxílio emergencial?”.

Recomenda-se a leitura de todos esses exemplos nas tiras originais!

Olha o modo encontrado por Edibar para utilizar o auxílio emergencial! (Foto: Reprodução)

ALPINO
O experiente cartunista Alpino, que já publicou em veículos como Folha de S.Paulo, Playboy e Yahoo! Brasil, tem divulgado em suas redes sociais – Facebook (www.facebook.com/alpino.cartunista/) e Instagram (www.instagram.com/cartuns.alpino/) – uma sequência recente de trabalhos visuais sobre a pandemia.

O artista capixaba é conhecido também pela impagável série Marlene Sexy (www.instagram.com/marlenesexy/).

Precedidos de um texto curto no post do Facebook, como este “Aqui divido com você mais um cartum sobre esses tempos tão estranhos”, os cartuns seguem a mesma fórmula: um quadro, personagens aleatórios, traço limpo e humor tirado do encontro imagem/diálogos. É um verdadeiro efeito desestabilizador.

Em um dos cartuns mais recentes, publicado na noite de quinta-feira (29 abril), a cena é de um casal ajeitando o quarto de bebê. Diante da esposa grávida, o marido tem um momento “iluminado” e diz o seguinte: “Covidinilson…”.

Noutro, Alpino tira humor do isolamento social. Um homem olha pela janela no momento que é flagrado por um passarinho na gaiola, que se manifesta com um “Rá!”.

Em resumo, o cartunista tece suas observações ácidas e “desmontadoras” a partir de um quadro ao mesmo tempo simples (cenas do cotidiano) e sofisticado (composição do desenho).

Claro que a leitura dos originais é altamente recomendada. Ainda mais nesses tempos bicudos.

Humor de Alpino nas redes sociais (Foto: Reprodução)

 

*********Matéria com acréscimo de informações (no caso, imagem ilustrativa) em 4/05/2020