Morre Alfredo Bosi, um dos maiores críticos literários do Brasil

Escritor, crítico literário e professor universitário, Bosi é conhecido nos cursos de Letras país afora graças ao clássico “História concisa da literatura brasileira”, publicado pela primeira vez em 1970

O mundo das letras brasileiras perdeu um de seus maiores nomes. Nesta quarta-feira (7 abril), Alfredo Bosi morreu aos 84 anos, devido à Covid-19. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a informação foi confirmada pela Companhia das Letras, editora na qual publicou livros como “Dialética da Colonização” (1992).

Escritor, crítico literário e professor universitário, Bosi é conhecido nos cursos de Letras país afora graças ao clássico “História concisa da literatura brasileira”, publicado pela primeira vez em 1970, quando o autor estava na casa dos 30 anos de idade. O livro se popularizou nos anos de 1990 graças também à “capa laranja degradê” da editora Cultrix, com a montagem de Fred Jordan em cima do desenho “Abapuru”, de Tarsila do Amaral.

Fora o fato de que é uma obra fundamental para entender parte da história literária brasileira, ultrapassando as 50 edições, feito raro para um livro dessa área. Ela é dividida em oito partes: Condição Colonial, Barroco, Arcádia e Ilustração, Romantismo, Realismo, Pré-Modernismo, Modernismo e Tendências Contemporâneas e História da Literatura Brasileira.

Além da “História concisa da literatura brasileira” (1970), Bosi também publicou, entre tantos, “O Ser e o tempo da Poesia” (1977), “Céu Inferno: Ensaios de Crítica Literária e Ideológica” (1988), “Machado de Assis: o Enigma do Olhar” (1999) e “Dialética da Colonização” (1992), obra que lhe valeu os prêmios Casa Grande e Senzala, Jabuti e Associação Paulista dos Críticos de Arte.

Aliás, “Dialética da Colonização” apresenta capítulos que vão de Anchieta e Antonil à indústria cultural, passando por Gregório de Matos e Castro Alves. O autor analisa as relações entre o processo histórico nacional e as formas literárias que enlaçaram colonização, culto e cultura. “Formidável interpretação da cultura brasileira”, diz a editora Companhia das Letras.

Livro mais popular de Alfredo Bosi (Foto: Reprodução)

Outra publicação importante é “Literatura e Resistência” (2002). Nesta coletânea de ensaios, Alfredo Bosi leva para a crítica a atitude de resistência cultural e política dos escritores que ele tematiza, como Basílio da Gama, Lima Barreto, Euclides da Cunha, Graciliano Ramos e João Antônio, entre outros. Para Bosi, o crítico literário deve ser também um crítico da cultura.

Em 1993, venceu o Prêmio Jabuti de melhor obra de Ciências Humanas. Dez anos depois, foi celebrado pela Academia Brasileira de Letras, onde assumiu uma cadeira.

Foi responsável, entre 1963 e 1970, pela seção Letras Italianas do Suplemento Literário do jornal O Estado de S.Paulo, no qual publicou mais de vinte artigos sobre autores diversos, como Leopardi, Pirandello, Moravia, Buzzati, Manzoni, Gadda, Ungaretti, Montale, Quasimodo, Pasolini, entre outros.

TRAJETÓRIA
Alfredo Bosi nasceu em São Paulo, em 1936. Cursou letras neolatinas na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) e estudou filosofia da Renascença e estética na Facoltà di Lettere de Florença.

Lecionou literatura italiana na USP, onde defendeu doutoramento sobre a narrativa de Pirandello e livre-docência sobre poesia e mito em Leopardi.

Era professor titular aposentado e professor emérito de literatura brasileira dessa mesma universidade. De 1996 a 1999 foi professor convidado na École des Hautes Études en Sciences Sociales e diretor do Instituto de Estudos Avançados entre 1997 e 2001.

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