Em tempos de pandemia, banda reúne integrantes do PR e SP para projeto online e autoral
Nesse período de isolamento social por causa do novo coronavírus, o mercado artístico tem produzido obras inspiradas pelo momento. E tem surgido bandas, como é o caso do Pandemia eRock, uma proposta que conta com o guarapuavano Alessandro Küster
Pode parecer paradoxal, mas tempos difíceis também são propícios para a criação artística. E até mesmo o surgimento de bandas de rock.
Durante o início da quarentena no Estado de São Paulo por conta do novo coronavírus, em 2020, os músicos Fred e Diogo Poppi tiveram a ideia de criar o projeto batizado com um nome mais do que autoexplicativo: Pandemia eRock.
Em seguida, eles começaram a convidar outros integrantes para a banda, pela internet. Assim, de Guarapuava veio o conhecido produtor e baterista Alessandro Küster, o Alê Panda; de Maringá (PR), o guitarrista Heverton; e, da capital São Paulo, Magrão com a comunicação visual. Sem contar que Fred (baixo, vocal e prog. eletrônica) é de Lucélia (SP) e Poppi (prog. eletrônica, mix e máster), da Cidade Canção.
Aliás, esse município do Norte do Paraná é o polo agregador. “Escolhemos a sede como Maringá por ser um ponto comum e, tirando o Alê, todos moramos ali por um bom tempo”, diz Fred, em entrevista a distância para o CORREIO, ressaltando que todos os integrantes do Pandemia são músicos experientes e produtores musicais.
O guarapuavano Alê nunca residiu nesse município, mas ele conta que sempre viaja para o Norte para fazer shows e conhece Poppi de longa data. “[Poppi] é um grande produtor e engenheiro de áudio, lá de Maringá. É um cara que já fez engenharia de áudio no Rock in Rio, Teatro Guaíra, musicais… é um cara com uma experiência gigante”, diz, também em contato a distância para o jornal.
Inclusive, o baterista tem orgulho de representar sua terra natal nesse projeto “interestadual”, pois envolve músicos de São Paulo e Paraná. “Porque, para mim, Guarapuava é referência em termos de rock no interior. Principalmente no rock autoral. Tem muita banda boa e promissora, bandas com uma longa estrada. É uma responsabilidade grande as pessoas saberem que sou de Guarapuava”.
Lembrando que a maior cidade do terceiro planalto paranaense já viu surgir bandas como Kingargoolas, 350ml, SafisFire, Disaster Boots, Dzarmy, Maquinária etc.

DINÂMICA
Mesmo distantes, os integrantes do Pandemia eRock se reúnem online por meio de aplicativo de mensagem para compor, gravar e organizar o lançamento do trabalho autoral. “Apostamos na liberdade e capacidade individual de cada um em somar para o coletivo”, observa Fred.
Até aqui, o Pandemia já apresentou as canções “Pandemia” (Alê, Fred, Heverton e Poppi) e “Não! Vão?” (Alê, Fred, Magrão, Heverton e Poppi), com lyric video. Nesta semana, deve pintar mais um single, “Fé no caos”.
“No final, a gente vai disponibilizar todas juntas, no formato de EP nas plataformas de streaming de áudio [Deezer, Spotify, Apple Music e afins]”, conta Alê. Ele adianta que o planejamento é lançar primeiramente as músicas de maneira individual nas próximas semanas, para aí sim reuni-las num EP com cinco faixas.
Em relação ao futuro do projeto, o baterista explica que, a princípio, era algo mais simples, baseado na produção online. Mas os integrantes do Pandemia cogitam fazer shows pós-coronavírus, inclusive em Guarapuava. “Tudo depende de como o cenário musical vai se comportar”, diz Alê, explicando que o Pandemia tem contatos com casas noturnas e as portas podem se abrir.

CENA
Falando em cena musical, tanto autoral quanto cover, Alessandro Küster vê com preocupação o futuro.
Segundo ele, o rock sempre foi mal compreendido e contou com pouco apoio daqueles que detêm o poder econômico.
Por isso, os projetos de bandas e artistas do rock sempre dependeram de seu próprio esforço pessoal e da receptividade dos fãs. Enfim, o baterista aponta que esse tipo de produção musical funciona somente no mercado independente. É nesse segmento que artistas de qualidade como Alex Ferrera e a banda SafisFire, ambos de Guarapuava, têm resultado positivo.
Nesse sentido, a pandemia do novo coronavírus, que obrigou a suspensão ou cancelamento de shows, só agravou o que já não era tão bom para os músicos. “Eu não costumo ser pessimista. Mas eu não vejo muitas possibilidades de melhora, de apoio à cena autoral”, avalia Alê.
Esse guarapuavano acredita que, no mercado autoral, os artistas ainda podem produzir e lançar seu trabalho pela internet. Mas, no caso dos músicos que dependem profissionalmente de apresentações em bares “na noite”, está tudo parado. Alessandro vê com preocupação a falta de perspectivas em relação ao retorno das apresentações e à remuneração dos artistas. “É um futuro bem indefinido”.
SERVIÇO
Para ouvir os singles do Pandemia eRock e obter mais informações, acesse sua página nas redes sociais.