‘Bom dia, Verônica’: conheça o thriller literário de suspense que inspirou série de sucesso da Netflix

Lançada originalmente com a assinatura de “Andrea Kilmore” em 2016, obra era na verdade uma produção a quatro mãos de Raphael Montes e Ilana Casoy. Enredo do livro segue as investigações da escrivã Verônica Torres

O livro “Bom dia, Verônica” (2016) é conduzido por personagens femininas. Sua narrativa alterna dois pontos de vista (Verônica Torres e Janete) que se cruzam em meio à violência contra a mulher.

Escrito em conjunto pelo autor policial Raphael Montes e a criminóloga e escritora Ilana Casoy, esse thriller de suspense deu tão certo que se transformou na bem-sucedida série de streaming da Netflix – regularmente, aparece no Top 10 de atrações da plataforma.

Inicialmente, “Bom dia, Verônica” apareceu no mercado editorial assinado por “Andrea Kilmore”, uma identidade envolta em mistério (não se sabia nem se era autor ou autora). Logo de cara, uma estreia de peso na literatura policial brasileira.

Mas Kilmore não passava de um pseudônimo adotado por Montes e Casoy. Na nova edição da DarkSide Books, lançada em 2019, os verdadeiros autores são creditados na capa do livro. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo (em 30 de agosto de 2019), a ideia da parceria nasceu durante encontro da dupla em um festival literário. Os autores preferiram o anonimato para exercitar uma escrita diferente do habitual de cada um.

Vale lembrar que Montes vem de uma trajetória consolidada no romance policial, publicando livros como “A Mulher no Escuro”, “Suicidas”, “Jantar Secreto”, entre outros; e Casoy escreve na linha de não-ficção, caso de “Arquivos Serial Killers: Made in Brazil”.

O fruto do trabalho a quatro mãos é “Bom dia, Verônica”, um thriller centrado principalmente numa escrivã de polícia, Verônica Torres. Ela leva uma vida burocrática como secretária do delegado Carvana. Mas tudo muda logo no início do livro, quando a narradora testemunha um suicídio inesperado e recebe a ligação anônima de uma mulher clamando por sua vida.

Verônica aproveita a oportunidade e decide mergulhar sozinha nos dois casos.

Dois focos narrativos dominam narrativa, com destaque para o ponto de vista de Verônica (Foto: Cristiano Martinez/Correio)

VIOLÊNCIA
Um dos principais pontos da obra de Montes/Casoy é a abordagem do universo da violência contra a mulher.

Sob o ponto de vista de Verônica, o leitor toma conhecimento de um personagem que engana e rouba mulheres. É uma espécie de Don Juan da internet, um homem especializado em seduzir e passar a perna, levando suas vítimas ao suicídio.

Já no foco narrativo em terceira pessoa, o livro apresenta a história de Janete, uma pessoa simples que sofre horrores nas mãos de seu marido Brandão em uma relação doentia de submissão e machismo. Por trás da farda de policial militar, ele apronta todas com sua esposa e outras mulheres. Melhor não dizer mais nada, para não estragar as surpresas do enredo.

Verônica e Janete têm duas trajetórias que se cruzam, tanto no plano narrativo quanto no desenrolar dos acontecimentos. O final disso tudo é impactante e com altas doses de violência.

ESTILO
A narrativa do livro tem um estilo seco e direto, com ritmo linear. Assemelha-se bastante ao típico thriller policial da literatura norte-americana. É um pouco diferente das obras escritas por Raphael Montes, em sua carreira-solo.

No entanto, “Bom dia, Verônica” prende a atenção do leitor pelas sequências impactantes e pela forma como explora a temática principal. Em resumo, trata-se de um material bem escrito e que entretém na medida certa.

Para felicidade de quem gostou, os autores haviam prometido em 2019 mais duas sequências da obra, transformando numa trilogia. É ver (ou ler) para crer.

****************Texto: Cris Nascimento, especial para CORREIO

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