A poderosa capacidade transformadora da cultura
Fundação Cultural Suábio-Brasileira, com seus mais de 30 grupos culturais e mais de 550 integrantes, demonstra que a cultura é uma força viva que continua a inspirar, educar e unir. Para aqueles que provaram o doce néctar da cultura, a transformação é profunda e duradoura
A cultura é uma poderosa força que transcende gerações e transforma vidas. Na comunidade dos Suábios do Danúbio de Entre Rios, fundada em 1951, essa verdade é vivida e celebrada diariamente. As tradições e a história dos antepassados, preservadas com zelo pela Fundação Cultural Suábio-Brasileira, moldaram a identidade e o destino de muitos moradores.
A história da professora Karoline Rodrigues Pruenci, 26, é um exemplo instigante dessa transformação cultural. Desde pequena, ela era embalada pelos cantos suaves de sua mãe. Essas melodias, armazenadas em sua memória infantil, formaram o prelúdio de uma vida dedicada à música. Vinte anos depois, Karoline é professora de flauta, saxofone, clarinete e iniciação musical na Fundação Cultural, inspirando novas gerações com seu talento e história de vida.
Ela começou cedo suas aulas de flauta e saxofone, por meio do projeto social Projeção (Projeto Jovens em Ação), promovido pela Associação Beneficente das Senhoras de Entre Rios (ABSER). Seu talento foi rapidamente notado e, aos 14 anos, foi convidada a participar do grupo de flautas da Fundação Cultural, ingressando pouco depois na Orquestra de Iniciantes, como saxofonista. A acredita que a influência musical foi crucial para o seu rápido progresso. “Toda a família por parte da minha mãe canta ou toca um instrumento, e essa cultura foi especialmente importante”, conta Karoline.
Além do talento, uma dose significativa de disciplina, dedicação e maturidade precoce chamou a atenção dos professores e da coordenação da Fundação Cultural. Como resultado desse repertório de qualidades, surgiu a oportunidade de um voo solo ao Instituto Ivoti, uma renomada instituição de ensino musical no Rio Grande do Sul. Após quatro anos a mais de mil quilômetros de casa, ela retornou como professora. Agora, ela transmite com paixão suas habilidades aos alunos, além de já ser regente da mesma Orquestra de Iniciantes, na qual se destacou.
A importância da cultura e de sua preservação é sublinhada pela história da pioneira Josefine Spieler. Desde jovem, ela encontrou na dança um refúgio e uma forma de se conectar às próprias raízes. Sua dedicação à dança, mesmo nos momentos mais árduos, exemplifica a resiliência e a paixão que os Suábios do Danúbio em relação à sua cultura. Por vários anos, Josefine Spieler transmitiu as suas habilidades e seu conhecimento das danças folclóricas às novas gerações.
A Fundação Cultural Suábio-Brasileira também promove essas tradições através de diversos projetos culturais. Um dos mais recentes, intitulado “Cultura que transforma vidas” tem lançado uma série de vídeos, documentando as histórias de vida de membros da comunidade. As narrativas, repletas de emoção e singularidade estão disponíveis no canal da Fundação Cultural no Youtube (@suabiosdodanubio) e destacam como a cultura molda vidas e fortalece a identidade comunitária. Nikita Geier, coordenadora da Fundação, enfatiza que a integração das culturas suábia e brasileira é um dos maiores legados da fundação. “Temos ótimos exemplos de participantes que estiveram envolvidos em um ou mais grupos culturais por décadas. Outros mantêm contato direto desde a infância e hoje são professores”.

É o caso da professora Natascha Buhali, que começou suas aulas de dança ainda no jardim de infância. Hoje, aos 25 anos, ela conduz os Grupos de Danças Folclóricas Infantil, Juvenil e Sênior. Natascha vê seu papel como uma ponte entre gerações, ajudando as crianças a valorizar e preservar suas raízes culturais. “É uma honra ensinar e repassar os passos que nossos antepassados dançaram há cem anos”, afirma.
A participação contínua de membros da comunidade em atividades culturais é um testemunho da vitalidade e da relevância dessas tradições. Julio Hülse, que há mais de duas décadas integra o Grupo de Danças Folclóricas Adulto, acredita que a cultura é uma parte essencial de sua identidade. Sua esposa, Helcya, de ascendência japonesa, é categórica: “Aprendi a valorizar ainda mais minha própria cultura através da convivência com os Suábios do Danúbio”. E seus filhos, Mayumi e Leonardo, seguem os passos dos pais, envolvidos em várias atividades culturais desde a infância.
A preservação cultural é simultaneamente uma homenagem ao passado e uma pavimentação sólida do caminho em direção ao futuro. Josefine Spieler, com sua vasta experiência em atividades culturais, destaca que “nossas tradições nos ajudaram muito a superar desafios e a criar um sentido de pertencimento”.
A Fundação Cultural Suábio-Brasileira, com seus mais de 30 grupos culturais e mais de 550 integrantes, demonstra que a cultura é uma força viva que continua a inspirar, educar e unir. Para aqueles que provaram o doce néctar da cultura, a transformação é profunda e duradoura. Pois, preservar a cultura é garantir que as próximas gerações tenham raízes profundas e asas para voar.
Em Entre Rios, a cultura é o coração pulsante que mantém a comunidade vibrante e unida, transformando vidas e construindo um legado duradouro.