Caminhoneiro aposentado fala sobre os desafios da profissão no Brasil
Neste Dia do Motorista, a reportagem do CORREIO fala com João Cavalheiro, que trabalhou por 45 anos na boleia de um caminhão; no seu ponto de vista, a profissão é fundamental para o país, mas precisa de maior valorização
Em alusão ao Dia do Motorista, data comemorada neste 25 de julho e que homenageia aqueles profissionais que mantêm o “pé na estrada”, o CORREIO conversou com o caminhoneiro aposentado João Cavalheiro (76 anos), que também precise o Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Guarapuava e Região (Sinditac).
João conta que passou cerca de 45 anos trabalhando na boleia de um caminhão, e acredita que, quatro décadas depois, o ofício permanece sendo importante para o Brasil.
“Eu acho que é uma das profissões mais importantes… é o que transporta tudo que o Brasil produz e o que nós precisamos”, dizendo que, apesar disso, falta uma maior valorização a esses motoristas. “Ele não é reconhecido”.
Em linhas gerais, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a frota brasileira de caminhões gira em torno de 1,941 milhão de unidades. Do total, mais de 703 mil veículos são de profissionais autônomos e apenas 26 mil de cooperados.
Com tantos profissionais autônomos, que acumulam despesas com manutenção, por exemplo, surgem demandas como uma tabela de frete mais vantajosa e melhores condições de segurança para os autônomos.
COVID-19
Em meio à pandemia do novo coronavírus, muito se falou sobre a resiliência dos profissionais que, mesmo com determinações de isolamento social e quarentena, permaneceram trabalhando.
Instituições como a Polícia Rodoviária Federal (PRF), por exemplo, tentaram amenizar os impactos disso com campanhas solidárias, que visaram contribuir com o trabalho de quem não pôde interromper suas atividades.
Uma dessas ações ocorreu em maio, quando, em parceria com a concessionária Ecocataratas, o Serviço Social do Transporte e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte, foram entregues kits com máscara e álcool gel, além de lanche para os motoristas. À época, também foram verificados temperatura corporal, índice de oxigenação e pressão arterial.
“A ação por um trânsito mais seguro se torna ainda mais relevante no momento atual, em que pode haver uma sobrecarga nas unidades de saúde em função da pandemia, e acidentes de trânsito podem agravar este quadro”, pontuou em nota a PRF.
Na avaliação de João Cavalheiro, os caminhoneiros não têm medido esforços em seu trabalho, até porque dependem dele para sobreviver. Apesar disso, houve uma queda da ordem de 36% na oferta de frete, que vem dificultando a rotina desses trabalhadores.
“Essa pandemia está, de certa forma, afetando sim… mas ele precisa trabalhar. Se ele parar, vai passar fome e o restante das pessoas também”, diz.
MENSAGEM
Aos seus colegas de trabalho, João deseja coragem, força e boa vontade para continuar rodando pelas estradas do país. Ele espera que no futuro, seja garantido ao caminhoneiro seu devido valor profissional, com melhores condições de trabalho.
“Eu mando um forte abraço para todos esses heróis das estradas, que não medem esforços para não deixar o povo do Brasil passar fome”.