‘O produtor leva alimento barato e com qualidade para o consumidor’, diz Botelho

Em entrevista exclusiva ao CORREIO, o presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Luiz Werneck Botelho, fala sobre a importância do homem do campo para o desenvolvimento do país

Neste 28 de julho, comemora-se o Dia do Agricultor, data criada em 1960, no mandato de Juscelino Kubitschek, e que faz alusão à fundação Ministério da Agricultura. Passadas seis décadas deste momento, o país viu um importante desenvolvimento do agronegócio, que já representa cerca de 21% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. 

Regionalmente, através do Sindicato Rural de Guarapuava, a data é marcada por uma comemoração com os produtores e seus familiares. A ideia é não só homenagear, mas promover discussões e levar mais conhecimento ao agricultor. 

Porém, devido à pandemia do novo coronavírus, que obriga a prática do distanciamento social e a não aglomeração de pessoas, a entidade sindical promoverá atividades online, buscando passar informações e reconhecer o esforço dos produtores. 

“Vai ser diferenciado na maneira de ser promovido, mas nunca esquecendo que é o trabalhador rural que sustenta o crescimento do país”, diz o presidente do sindicato, Rodolpho Luiz Werneck Botelho, citando que a média de público em edições anteriores variou de 400 a 500 pessoas, com impacto regional.
O presidente também ressalta que o produtor rural não é importante apenas na região, mas em todo o país, levando alimentos baratos e de qualidade para os consumidores. 

“E isso ele tem feito com maestria, cada vez com mais qualidade e tentando ser competitivo perante as outras nações e, com isso, agregando qualidade à essa produção desenvolvida no campo”, afirma o presidente.

AVANÇO

Na avaliação de Botelho, nas últimas décadas foi observada não apenas uma elevação na área de plantio, mas também um crescimento de produtividade. Isso é reflexo da informação, tecnologia e treinamento adquiridos de entidades públicas e privadas. 

A nível nacional pode-se citar a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). “Levam informações que capacitam o homem do campo, seus familiares, funcionários e participantes do setor. Eu acho que é uma série de fatores que levam a agricultura brasileira ao sucesso”, pontua Rodolpho.

ATÍPICO

Em meio à pandemia do novo coronavírus, responsável pela covid-19, são esperados impactos negativos na economia brasileira. 

O último boletim conjuntural das pastas de Fazenda e Planejamento e Projetos Estruturantes do Paraná, publicado no início de julho, levando em conta o ICMS, indica que cerca de 65% das empresas instaladas no estado tiveram queda de faturamento entre abril e maio deste ano.

No campo, explica o presidente do Sindicato Rural, também foi possível sentir uma queda em algumas atividades setorizadas. “A produção de flores sentiu muito, porque, no começo, o pessoal deixou de comprar e mandar flores em razão da reclusão”, explica. 

Numa segunda frente, o setor hortifrutigranjeiros, que tem uma produção diária e uma venda quase que no mesmo ritmo, sentiu as primeiras semanas da pandemia. “A população foi de uma vez [aos supermercados] e fez estoque, e com isso ela não comprava perecíveis”.

Além disso, outras áreas tiveram prejuízos com demandas canceladas, como a de madeira para construção civil. “Sentimos com o tempo que voltaram a uma tendência de normalidade, e outras abriram novos mercados de exportação”. 

De acordo com o Rodolpho, o slogan “o agro não para” não tem relação com o descumprimento das medidas de prevenção à doença, mas sim com um contexto de um trabalho que precisa ser feito, e que há menor risco de contaminação. 

“A quantidade de pessoas é menor, então o risco é muito menor. E o meio urbano, as grandes cidades, continuam necessitando de alimentos e energia. O homem do campo está lá batalhando e produzindo”.

ATUAÇÃO

Frente a um cenário de crise, cabe à entidade sindical atuar como representante político do produtor, apresentando as principais demandas e questionamentos do setor, e garantir a segurança jurídica de créditos e financiamentos. 

Na região de Guarapuava, o Sindicato Rural tem posição forte junto à Federação da Agricultura do Paraná (Faep) e à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). 
“O setor agro está passando por essa crise de uma forma menos traumática. Mas, para o setor continuar firme e crescendo, e principalmente distribuindo renda no interior do país, precisa de logística e de infraestrutura”.