Início da colheita traz feijão com produtividade de 1,6 mil kg/ha em Prudentópolis

Produtores que são acostumados a plantar a cultura de feijão na primeira safra sofreram com a estiagem do mês de setembro; em contrapartida, o preço da saca de feijão é positivo

O município de Prudentópolis (a pouco mais de 60 km de Guarapuava) tem o feijão como uma das principais culturas no campo. Para a safra 2020/2021, a estimativa é que a cultura tenha uma área de 9 mil hectares – na região de Guarapuava, serão cerca de 15 mil hectares.

De acordo com dados da Cooperativa Agrícola Mista Prudentópolis (Camp), aproximadamente 30% dessa produção já foi colhida.

Em entrevista ao CORREIO, o engenheiro agrônomo Ezequiel Bobato, da Camp, relata que a média da produtividade está em 1,6 mil kg/ha, enquanto deveria estar em 2 mil kg/ha. “A qualidade do grão está boa. Os preços estão entre R$ 325 a R$ 340 a saca”, acrescenta.

Aliás, a produção do feijão só vem diminuindo com o passar dos anos. Por ser uma cultura de risco e com um preço muito variável, os produtores acabam trabalhando com outros produtos.

De acordo com o técnico do Departamento de Economia Rural (Deral), Dirlei Antonio Manfio, que atua no Núcleo Regional da Secretaria de Abastecimento e Agricultura do Paraná (Seab), essa tendência pode estar relacionada a fatores além do preço inconstante.

“A cultura do feijão sofre muito por interferências climáticas. Excesso de chuvas na colheita, enquanto soja e milho são culturas com mais resistência, garantia e preço”, explica.

Especificamente em Prudentópolis, também chamada de “Capital Nacional do Feijão Preto”, a cultura já chegou a ter uma área de 30 mil hectares. Hoje, é 30% disso. Ainda assim, esse território representa dois terços do total plantado na microrregião de Guarapuava.

SAFRA
O técnico do Deral explica que a preferência pelo plantio de soja na primeira safra, sendo o grão mais significativo no verão, é porque o preço do feijão é muito instável.

“A soja é um commodity, um mercado externo, o feijão é uma loteria. Você pode plantar hoje valendo R$ 300 e quando vai colher não sabe se está valendo R$ 100”, exemplifica Manfio.

Nas cidades de Guarapuava, Candói e Pinhão, os produtores optam por plantar na primeira safra as culturas de soja, milho, batata e pequenas áreas para fazer sementes para a segunda safra. Já em Prudentópolis, os agricultores escolhem plantar a soja na segunda safra, caso atípico da microrregião.

Segundo Manfio, os grãos de feijão que foram plantados em Guarapuava, Candói e Pinhão até outubro e dezembro conseguiram um maior volume de chuvas. A tendência, segundo projeções do Deral, é que sejam colhidos mais de 2 mil kg/ha, já que não houve problemas com a estiagem.

Feijão plantado em declive (Foto: Ilustrativa)

AGRICULTOR
Propriedade da prudentopolitana Geyza Dallabrida, o plantio de feijão corresponde a 133 hectares. “Nós não estamos colhendo, porque esperamos chover para plantar. A chuva veio na metade de setembro, então nosso feijão vai para final de dezembro, começo de janeiro”, diz.

Apesar disso, nem todas as lavouras são mecanizadas na cidade de Prudentópolis. Conhecido como “plantio no toco”, áreas em declive são queimadas para depois se plantar feijão manualmente no solo com matraca.

Segundo Dirlei Manfio, “a fertilidade dessas áreas é fraca, dificilmente este produtor vai usar um adubo bom ou uma semente própria”.

*************Reportagem: Carlitos Marinho, com supervisão de Douglas Kuspiosz

Deixe um comentário